O estagiário olhou diretamente para os olhos felinos vermelhos e sanguinolentos do professor que cobrava o trabalho sem tréguas, professor este que, em outrora, tinha passado por algo semelhante, em uma classe de semideuses superiores ao próprio (ocorrência em tempos remotos).
Após uma noite de pesadelos, em que o estagiário pegava mais de 5.000 DP's e era torturado por robôs e máquinas, sempre comandadas pelos professores semideuses, eis que o mesmo acorda, já atrasado, e lembra-se imediatamente que não poderá tomar café novamente, pois precisa tomar 3 conduções até a instituição privada que o escraviza.
Chegando ao trabalho, já atrasado, e por consequência, com "o filme mais queimado do que nunca", fica devendo mais estes míseros minutos à seu chefe, tudo para ser compensado no final do mês.
Com todos estes problemas diários, mais "o trabalhinho dos infernos" que o semideus havia passado para ele na noite anterior, o mesmo ficou mais maluco do que o de costume.
Já no horário do café, com os olhos esbugalhados olhando para o nada e pensando na imensa noite de pesadelos, com tarefas astronômicas e impossíveis de serem realizadas por pessoas que não fossem super-heróis, líderes religiosos iluminados, gênios científicos da história, ex-governadores de continentes, alienígenas e outros poderosos (que é melhor nem citar), por incrível que pareça, o cidadãozinho teve uma idéia.
Observando uma caixa que, na portaria da empresa, tinha sido barrada por um guarda por não possuir um minúsculo tracinho, depois do 28º dígito do código escrito na própria caixa, quando comparado com sua própria nota de origem fiscal.
O mesmo aproximou-se e perguntou pro guarda:
- Guarda? Por que você está bloqueando este bagulho aí???
- Porque falta um traço.
- Mas o que tem dentro???
- Sei lá. Sei que falta um traço.
- É proibido abrir???
- Não, não tem regra para isto.
- Mas eu posso sair abrindo qualquer caixa por aí?
- Não faz pergunta difícil. Abre essa porra logo aí que eu já falei que não tem regra, cacete!!
Aí o moleque abriu.
Quando percebeu, abrindo a caixa, que não tinha nada lá, na mesma hora, o cidadãozinho, querendo ajudar, disse para o guarda:
- Ô, ô, ô, seu guarda?
- Que é porra?! Muleque chato!
- É, é...
- Fala logo porra. Não tenho tempo a perder com moleque estagiário, que não sabe nem o que está fazendo aqui direito.
- É, que, sabe seu guarda... Não tem nada na caixa... Isso não é estranho?!?!?!
- Moleque, isso não é comigo. Meu trabalho é ver se o código da nota fiscal está igual o da caixa, porra. Aí vem você, e quer me dar outra tarefa?!?!?! Vai voltar a caixa e pronto, acabou!!!
O menino, apesar de humilhado, observando a insensata ação do seu guarda, e, sabendo que trabalhava numa empresa de componentes robóticos, teve uma brilhante idéia.
- Porra!!! Se eu conseguir um código; Se eu conseguir uma caixa; E se eu conseguir uma nota; Eu tiro que eu quiser desta budega!!! HeheHÊ!
E não é que o moleque foi estudar o departamento fiscal de sua empresa?!?!
Chegando lá, que surpresa! Ele descobriu que com o ignorante correto, assinando o papel correto, ele poderia tirar da empresa:
*Mamutes Brancos;
*Estegossauros;
*Mastodontes;
*Metade do prédio;
*Todo e qualquer carro da gerência;
*A secretária;
*Entre outros.
Apenas, utilizando atributos como:
*Saída para sucata;
*Doações;
*Simples Remessa;
*Não sujeito ao fisco;
*Simples Nacional;
*EPP-Empresa de Pequeno Porte;
*ST - Substituição Tributária;
Tudo utilizando estes malucos e surreais termos fiscais que não servem para nada a não ser dar nome a coisas que não se explicam.
Pronto. Tava quase tudo pronto. HaHÁ!!!
***Continua no próximo horário de almoço***
(Sendo escrito por Nelson e Amigo)
Os escritores afirmam: Qualquer semelhança com os fatos cotidianos, caracteriza mera coincidência. Os autores não se responsabilizam por qualquer similaridade a fatos reais.
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