domingo, 26 de dezembro de 2010

Assassinato da Escrita

Ubatuba, 23 de dezembro de 2010.
13:15

Um dia de chuva na praia é como um convite a admirar coisas pequenas.

Fico fascinado com as gotículas d'água que invadem pela janela aberta meu provisório quarto, donde escrevo de porta fechada.

Acho que acabo de descobrir por que tão poucas pessoas ainda escrevem. É porque se torna infinitamente mais difícil fluir idéias quando os pensamentos se misturam a sons toscos, como os de um lava-rápido vizinho, no meu caso.

Claro que apelei.

Apelei para o elixir da alma: A música.

Ao som de Iris - Goo Goo Dolls, nem mesmo um trator seria capaz de invalidar minha mente.

De volta ao pensamento inicial (Que agora, digitalizando o manuscrito, noto que não foi o inicial), consigo entender a morte progressiva do bom hábito da escrita.

Num mundo onde cada vez mais as pessoas se apinham, a mídia cada vez mais te invade com coisas que nem quero saber e as máquinas cada vez mais dominam o mundo, fica cada vez mais difícil ordenar frases.

Isto me deixa feliz e triste, ao mesmo tempo.

Feliz pois me sinto privilegiado, já que me encontro escrevendo.

Triste pois está claro que sou o último da minha atual família a escrever. Talvez meus filhos, ou minha esposa, quem sabe, retifiquem esta informação mais tarde.

Encerro ao som de Use Somebody - Kings of Leon.

Nenhum comentário:

Postar um comentário